sábado, 22 de outubro de 2011

Eu lembro de mim jogando bola de gude, cheia de meninos em volta, cabelo curto, meio menino como aqueles ao redor, falante, corajosa e segura, como nunca mais consegui ser. Vejo nitidamente a partida de queimado na garagem do prédio, os saltos suicidas que eu dava com a bicicleta de pneu vermelho, os papos com a turminha no banco de pedra, na pizzaria de papai. Subindo em árvore, chupando mangas conquistadas - um pouco roubadas -, ralando a perna nas estripulias, cantando alto na cozinha, gritando pra chamar o pipoqueiro. Gago o nome dele. Vendia bombons também. Anos e anos se passaram, rostos idem, alguns continuam. Penso na tagarela de lá e me vejo hoje, tagarela cá. Quase igual, embora menos algumas coisas, mais outras. A de antes e a de hoje, com cores mais modernas. Nunca me vi mulher, sempre me entendi menina. Acho que será assim. Cabelos brancos, pele enrugada, idade alta e ainda a mesma, menina. A das bolas de gude.

Nenhum comentário:

Postar um comentário